Não que isso importe, mas...

07 setembro, 2007

Dois anos

(O texto abaixo foi escrito e publicado em 16/09/2007, por algum erro de configuração, o site colocou a data como sendo 07/09/2007... pois é, até a Google tem o direito de errar)

Pra quem prometia uma retomada de fôlego no primeiro post do ano, eu andei bem ausente, deixando o blog abandonado por mais de 4 meses. Mas voltei hoje, dia em que completamos 2 anos longe de casa. Quase todo mundo comenta: "O tempo passou voando". Há dias que acho mesmo que ele se arrastou, passando bem lentamente.

16 de setembro de 2005 foi um dos dias mais rápidos que eu já vivi. Na verdade, as lembranças dos dias da última semana no Brasil se confundem na minha cabeça e eu tenho a impressão de tê-los vivido todos juntos em 24 horas, tamanha a correria. Além das complicações normais de uma mudança, andávamos preocupados com o dinheiro, já que a libra é bem pesada pra quem carrega reais, havia ainda o problema de escolher o que levar pra evitar o excesso de bagagem, como e onde guardar o que fica. Naqueles dias, repassávamos na cabeça todos em quem ainda queríamos dar um abraço e em como algumas dessas despedidas seriam dolorosas. Nem dormíamos à noite com a mente tão agitada. Hoje, dormimos melhor, pois não nos preocupamos tanto com dinheiro, porque (ao contrário do Brasil) trabalhar muito aqui compensa e o dinheiro dá pra alguma coisa, vemos que as coisas que trouxemos na bagagem foram mais do que suficientes e nem lembramos direito das que deixamos guardadas, só uma coisa ocupa a cabeça do mesmo jeito, a saudade do abraço das pessoas de quem gostamos. Coloco abaixo a primeira foto que tiramos em solo inglês, no aeroporto de Heathrow, um dia depois das despedidas. Sorridentes, mas cansados depois de 17 horas (incluída a longa escala em São Paulo), posamos ao lado do ônibus que nos traria a Canterbury.


Quanto às novidades daqui, não vou tentar resumir os 4 meses, pois o post ficaria ainda mais longo, mas nesse tempo fomos à Bélgica e voltamos a Paris num passeio com mais tempo e mais bem planejado. A foto abaixo foi tirada no Louvre. Os posts mais recentes do fotolog registram nossa passagem por esses lugares (o link continua na coluna direita deste blog, pra quem perdeu ou esqueceu). O projeto do blog de viagens (no qual eu devo comentar mais sobre essas andanças) está de pé, embora esteja demorando, o primeiro post sai assim que eu retomar o pique neste aqui.

Além dos passeios, o que temos pra contar é sobre a chegada do nosso novo colega de apartamento. Ingrid se formou e ela e Wayne tiveram que se mudar... Em boa hora, se me permitem dizer. Não retiro nenhuma palavra que falei sobre eles aqui no blog, há quase um ano. Sim, gostamos muito deles inicialmente e eles continuaram sem frescura, alegres e desenrolados, mas, com o tempo, o sem-frescura virou relaxado e o que era desenrolado tornou-se incoveniente. Nunca entramos em atrito, mas Deus sabe que eu me segurei muitas vezes. Eles foram há 3 meses e atualmente mantemos um bom relacionamento, proporcionado por essa saudável distância entre nós.

O nome do nosso novo inquilino, chamemos assim, é Augustine. Ele é um médico de quarenta e poucos anos, nascido em Hong Kong que mora e trabalha em Chicago, nos Estados Unidos. O nome de santo (Agostinho em inglês) é prova da devoção da mãe católica. Assim que ele confirmou interesse pelo quarto, corremos pro Google, onde ficamos sabendo que ele é bem ocupado, dá aulas a residentes, palestras e gosta de fazer caridade. O que só saberíamos depois, com sua chegada aqui, é que ele adora conversar, tem bom humor, é bastante educado e cuidadoso e tem uma noiva pequenina e simpática. Logo em sua primeira noite, fez questão de nos convidar pra um jantar num restaurante italiano, cuja conta pagou sorridente. Detesta a China e adora os ingleses, seu assunto preferido é história militar, traços que mostram a influência do pai, que serviu no Exército Britânico (Hong Kong era colônia inglesa até 1997, quando a soberania foi transmitida para a China) e tem tudo contra os chineses.

Mas o melhor sobre ele é que ele ocupa pouquíssimo espaço quando está aqui, e raramente está, tanto é que não tiramos foto juntos ainda. É que ele ainda procura se firmar como médico no Reino Unido, vem aqui, faz contatos, visita lugares onde pensa abrir uma clínica, mas logo está de volta aos EUA. Seu contrato conosco é de 1 ano, depois disso, ele acredita já estar bem estabelecido e comprará um apartamento pra ele e pra noiva, que não mora aqui, pois trabalha em Chicago e continua lá até a mudança em definitivo. O que tem acontecido é que, nos 3 meses (período que pagou adiantado no primeiro dia), ele só passou uns 10 dias aqui no apartamento ao todo. Melhor impossível. No entanto, sua presença aqui deve se tornar mais frequente e eu volto a falar do assunto. Encaro esse tempo como um merecido período de folga dos nossos flatmates anteriores. Continuo tirando o lixo sozinho e eu e Val continuamos limpando e arrumando a casa sem ajuda mas, pelo menos, a bagunça e a sujeira não são dos outros.

2 Comentários:

  • É, amor. Parece que finalmente tivemos sorte com a escolha do nosso flatmate. Mas é melhor não comentar, até ele estar mais presente por aqui. Acho difícil, mas vai que ele se transforma de Dr. Jekyll em um Mr. Hyde?
    Bom, esses 2 anos passaram rápido nas horas boas, e devagar nas horas difíceis, como normalmente acontece nesse nosso mundo relativo. A saudade é grande mas agora já está mais perto do que longe.

    Por Blogger Val, Às 6:02 AM  

  • Meu querido
    como diz a música, ...recordar é viver...Assim de forma sintética vc lembrou do 16 de setembro de 2005 e sem dúvida, entre boas e más passagens, devem ficar gravadas os momentos bons de felicidade, os passeios, as boas oportunidades de fazer novos amigos e assim por diante.
    Que esse novo inquilino permaneça mais ausente que presente e que vcs possam desfrutar mais da tranquilidade.
    Beijos e muitas saudades

    Por Anonymous Anônimo, Às 9:52 PM  

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