Fases do choque cultural
Muito já se escreveu sobre as fases de adaptação pelas quais uma pessoa passa ao se deparar com uma nova cultura, não só se referindo a estudantes de passagem, mas também a gente que vem pra ficar mesmo. Eu li alguns desses artigos, achei muito interessante e coloco aqui minha interpretação deles, com uma pitada de experiência pessoal nas primeiras fases. O texto ficou maior do que eu planejava, por isso, dividi em duas partes. Lógico que isso muda de pessoa pra pessoa e nem todo mundo sente tudo do mesmo jeito, mas em geral as etapas são as seguintes:
1) Fase da lua-de-mel: tudo é lindo no país novo, tudo funciona muito bem, estamos exultantes por estar conhecendo tantas coisas novas. O gosto da novidade faz com que cada comida, cada pessoa nova, cada lugar visitado seja uma aventura. A língua, mesmo quando não é dominada, é um desafio prazeroso.
2) Fase do ajuste superficial: aqui, a gente começa a botar o pé no chão, entendemos que não viemos a turismo, vem a necessidade de batalhar por um bom emprego e quando se tem um, a de se firmar nele. Começamos a sentir uma falta enorme da família e dos amigos e, aos poucos, vamos desencantando e questionando os valores do novo ambiente. A nova língua já não é tão linda, sentimos falta da nossa na televisão, no rádio e no obrigado que damos ao motorista do ônibus.
3) Fase da irritabilidade e hostilidade: nessa fase, as diferenças começam a nos enlouquecer. Incompreensão, burocracia, regras absurdas aparecem de todos os lados. Aquele olhar de quem te atende, onde quer que seja, você só entende como se dissesse: "volta pra tua turma, forasteiro!". Nos tornamos céticos, começamos a questionar se era isso mesmo que devíamos ter feito, às vezes pensamos em jogar tudo pro alto e voltar.
4) Fase da adaptação gradual: aqui, já sabemos lidar mais com os desafios. As barreiras são contornadas, se não com facilidade e alegria, com paciência e esperança. O incoveniente se torna familiar. Resignados, voltamos a sentir interesse no que nos rodeia, a ter atitude mais construtiva e até a sorrir mais fácil.
5) Fase da integração: chega o equilíbrio. Passamos a nos enxergar como parte do novo ambiente, sem sentimento de intrusão. Quase nos sentimos em casa, tanto que alguns alegam não querer voltar. Sabemos não só os caminhos, como também os atalhos. Empregamos, mesmo sem notar, o conhecimento adquirido durante todo o período. Revemos nossos limites culturais, adicionando elementos da nova cultura à nossa própria. Passamos a entender bem mais como pensam as pessoas que nos rodeiam e a nos surpreender menos com suas atitudes.
Pra quem vai voltar, existe o choque cultural reverso com o estresse da volta, mas desse eu não vou falar, pelo menos não por enquanto.
(Continua no próximo post...)
1) Fase da lua-de-mel: tudo é lindo no país novo, tudo funciona muito bem, estamos exultantes por estar conhecendo tantas coisas novas. O gosto da novidade faz com que cada comida, cada pessoa nova, cada lugar visitado seja uma aventura. A língua, mesmo quando não é dominada, é um desafio prazeroso.
2) Fase do ajuste superficial: aqui, a gente começa a botar o pé no chão, entendemos que não viemos a turismo, vem a necessidade de batalhar por um bom emprego e quando se tem um, a de se firmar nele. Começamos a sentir uma falta enorme da família e dos amigos e, aos poucos, vamos desencantando e questionando os valores do novo ambiente. A nova língua já não é tão linda, sentimos falta da nossa na televisão, no rádio e no obrigado que damos ao motorista do ônibus.
3) Fase da irritabilidade e hostilidade: nessa fase, as diferenças começam a nos enlouquecer. Incompreensão, burocracia, regras absurdas aparecem de todos os lados. Aquele olhar de quem te atende, onde quer que seja, você só entende como se dissesse: "volta pra tua turma, forasteiro!". Nos tornamos céticos, começamos a questionar se era isso mesmo que devíamos ter feito, às vezes pensamos em jogar tudo pro alto e voltar.
4) Fase da adaptação gradual: aqui, já sabemos lidar mais com os desafios. As barreiras são contornadas, se não com facilidade e alegria, com paciência e esperança. O incoveniente se torna familiar. Resignados, voltamos a sentir interesse no que nos rodeia, a ter atitude mais construtiva e até a sorrir mais fácil.
5) Fase da integração: chega o equilíbrio. Passamos a nos enxergar como parte do novo ambiente, sem sentimento de intrusão. Quase nos sentimos em casa, tanto que alguns alegam não querer voltar. Sabemos não só os caminhos, como também os atalhos. Empregamos, mesmo sem notar, o conhecimento adquirido durante todo o período. Revemos nossos limites culturais, adicionando elementos da nova cultura à nossa própria. Passamos a entender bem mais como pensam as pessoas que nos rodeiam e a nos surpreender menos com suas atitudes.
Pra quem vai voltar, existe o choque cultural reverso com o estresse da volta, mas desse eu não vou falar, pelo menos não por enquanto.
(Continua no próximo post...)
1 Comentários:
Muito interessante! Sofri esse choque cultural, e estava procurando algo mais pra ler sobre isso e encontrei o seu post. Parabéns pelo blog!
Por Taty, Às 3:13 PM
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