Happy Birthday, Marilyn
Seu verdadeiro pai nunca foi identificado, sua mãe, Gladys Baker, ganhava mal trabalhando nos bastidores de um grande estúdio da época (o RKO). Sua avó Della Monroe, que depois a batizou como Norma Jean Baker, morreu em 1927. Gladys não podia tomar conta da filha por problemas financeiros e a colocou pra adoção. Os problemas da pequena Norma estavam apenas começando. Ela viveu com seus pais adotivos, relatados como rudes e pouco atenciosos, até os 7 anos de idade, quando Gladys teve um colapso mental e foi internada numa instituição. Norma passou a ser responsabilidade da lei. A justiça colocou a menina sob os cuidados de Grace McKee, uma amiga de sua mãe. Mas quando Grace se casou, em 1935, Norma Jean teve que ser enviada a um orfanato e de lá, passou por uma sucessão de casas, onde sofreu abuso e negligência de pais adotivos que não a aceitavam. Grace, mais tarde, pediu novamente a guarda da menina e muitos biógrafos descrevem essa parte da vida de Norma como uma trégua em tantos problemas. Uma trégua de 5 anos. Até que a família de Grace teve que se mudar para a Costa Leste, impedidos de levar Norma consigo. A lei a deixava, então, com duas alternativas: voltar ao orfanato ou se casar. Grace usou de seus conhecimentos e em 1942, dias depois de completar 16 anos, Norma casou-se com o vizinho de 21 anos, Jimmy Dougherty.
Logo veio a 2ª Guerra Mundial e Jimmy, como muitos outros, teve que atender ao chamado do Tio Sam. Restava à jovem Norma trabalhar para seu sustento. Foi no seu trabalho, numa fábrica de aviões militares, que o fotógrafo de guerra David Conover reconheceu nela, pela primeira vez, uma estrela em potencial e lhe arranjou vários trabalhos como modelo. Mas Norma Jean queria mais e começou a pagar aulas de atuação, espelhando-se em atrizes como Jean Harlow e Lana Turner. Jimmy volta da Guerra em 1946 e encontra sua esposa engajada na carreira de atriz e modelo, tradicionalista que era, tornou-se óbvio o conflito de interesses, o que ocasionou o divórcio. Dois meses depois, Norma, aos 20 anos, assina um contrato com a Twentieth Century Fox. Resolve, então, pintar de louro o seu lindo cabelo castanho claro, usar maquiagem pra acentuar o sinal que possuía do lado esquerdo do rosto pouco acima do lábio (que viraria sua marca registrada) e adotar o nome artístico Marilyn Monroe (o mesmo sobrenome de sua avó).
No primeiro contrato com a Fox, Marilyn fez três filmes, sendo que seu papel de mais destaque, no filme Idade Perigosa (Dangerous Years, 1947), não agradou o estúdio que não renovou com a atriz. Persistente, um ano depois, num filme da Columbia Pictures, Marilyn mostra pela primeira vez que sabe cantar em Mentira Salvadora (Ladies of the Chorus, 1948), mas isso não convence o estúdio que não a contrata e, depois de um pequeno papel em Loucos de Amor (Love Happy, 1949), Marilyn retorna à vida de modelo. É nesse mesmo ano de 1949 que ela posa nua para um calendário, fotos que mais tarde, em 1953, teriam seus direitos comprados pelo milionário Hugh Hefner, a fim de publicá-las no número de estréia de sua nova revista masculina, a Playboy. Não por coincidência, sua carreira de atriz retomou fôlego e ela participou de 5 novos filmes, entre eles O Segredo das Jóias (The Asphalt Jungle, 1950) da MGM e um pequeno papel em A Malvada (All About Eve, 1950), da Fox, ganhador de seis Oscar (inclusive de melhor filme). O público notava cada vez mais em Marilyn, a fama havia chegado enfim.
Ganhando papéis de crescente importância, Marilyn viu sua popularidade decolar quando começou a namorar o queridinho dos Estados Unidos, superstar jogador de baseball Joe DiMaggio. Em 1953, seu título de estrela de cinema veio em seguida aos papéis em Torrentes de Paixão (Niagara), Os Homens Preferem as Louras (Gentlemen Prefer Blondes) e Como Agarrar um Milionário (How to Marry a Millionaire) ganhando prêmios e extenso reconhecimento de público e crítica. Ela e DiMaggio se casam e nove meses depois se separam. Mas sua carreira no cinema continua em alta e em seguida vem um dos papéis mais marcantes da atriz, fazendo "a garota" de O Pecado Mora ao Lado (The Seven Year Itch, 1955), onde protagoniza a cena em que seu vestido branco sobe soprado pelo vento vindo de uma grade de metrô, numa das cenas mais facilmente identificáveis e imitadas de todos os tempos no cinema.
Mas Marilyn não estava satisfeita, queria mais do que apenas interpretar a loura burrinha e a cantora sexy, queria papéis mais sérios e desafiadores, que fizessem dela a verdadeira atriz que desde cedo sonhara ser. Isso causou a explosão de sua rebeldia e constantes conflitos com diretores e produtores. A atriz exigiu da Fox mudanças no contrato, o estúdio não aceitou seus termos e a suspendeu por não comparecer a filmagens em que ela desempenhava papéis que considerava inapropriados, tendo em vista o novo rumo que buscava dar a sua carreira. A Fox finalmente cedeu às exigências de Marilyn, após os sucessivos fracassos em substituí-la, usando nomes como Jayne Mansfield e Sheree North. O novo contrato dava à estrela a liberdade de opinar na parte criativa (roteiro e direção) e direito a participar de filmes de outras produtoras. Além disso, Marilyn criou sua própria produtora, a Marilyn Monroe Productions. O primeiro filme feito sob o novo contrato foi uma co-produção da Fox e da nova produtora e se chamou Nunca Fui Santa (Bus Stop, 1956), que foi muito bem acolhido, rendendo a indicação de Marilyn ao Globo de Ouro, além da indicação ao Globo de Ouro de Melhor Filme e ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. A Marilyn Monroe Productions só produziria mais um filme, O Príncipe Encantado (The Prince and the Showgirl, 1957), que não fez sucesso apesar de dirigido e estrelado pelo astro inglês Laurence Olivier. Ele e Marilyn não mostraram nenhuma química e a história era fraca. Ainda assim, a atriz agradou com seu papel, colheu boas críticas e ganhou alguns prêmios, sendo inclusive indicada ao BAFTA de Melhor Atriz Estrangeira. Sua versatilidade estava comprovada.
Em 1959, Marilyn se casa pela terceira vez, agora com o escritor Arthur Miller. Nesse mesmo ano, ela estrela o que é, certamente, um dos melhores filmes de comédia já feitos, Quanto Mais Quente Melhor (Some Like it Hot), ao lado de Jack Lemmon e do galã Tony Curtis. O filme, um verdadeiro sucesso do gênio Billy Wilder, é indicado a seis Oscar, ganhando o de Figurino e abocanha 3 Globos de Ouro, Melhor Filme, Melhor Ator e Melhor Atriz para Marilyn, prêmio de maior importância em sua carreira, que acabara de atingir o auge. Um ano depois, Marilyn faz Adorável Pecadora (Let's Make Love, 1960), apesar de fraco o filme apresenta um de seus números mais famosos, My Heart Belongs to Daddy, de Cole Porter. Em 1961, ao lado de Clark Gable e Montgomery Clift, a atriz estrela em Os Desajustados (The Misfits), seu último filme completo e também o último de Gable, que morreria no fim do mesmo ano.
Em abril de 1962, começa a ser rodado Something's Gotta Give. Marilyn se mostra totalmente desconectada do projeto. Em maio de 1962, ela faz sua última aparição em público no famoso Happy Birthday, Mr. President, uma festa de aniversário do presidente John F. Kennedy transmitida pela TV estadunidense. Enquanto isso, no conturbado set de filmagens, algumas cenas são rodadas sem a presença da estrela, que agora faltava sempre, às vezes alegando doença. A Fox chega inclusive a multá-la e expulsá-la do projeto, mas é obrigada por contrato a rever sua decisão. Em 5 de Agosto de 1962, a faxineira de sua casa em Brentwood, na Califórnia, encontra Marilyn Monroe morta aos 36 anos devido a uma overdose de pílulas, sem roupas e segurando o telefone.
Várias teorias de conspiração surgiram ao longo dos anos tentando explicar a "misteriosa" morte de Marilyn mas, na minha opinião, não houve mistério. Durante sua curta carreira, Marilyn sempre mostrou ao público o que ela queria que ele visse. Fazia o gênero loura burra, muito bem por sinal, mas na verdade diz-se que era bastante inteligente (o que pode se comprovar em algumas entrevistas); apresentava-se como caçadora de homens, mas sempre se sentiu desprezada de alguma forma; mostrava-se destemida, rebelde e ambiciosa, mas nunca deixou de ser aquela frágil garotinha do subúrbio de Los Angeles, sempre à procura do amor de pais que não a abandonassem. Seu suicídio (e pra mim não foi nada diferente disso) parece ter sido o último e mais desesperado desses atos dissimuladores. Ninguém hoje imagina Marilyn com mais do que 36 anos, algo me diz que era exatamente isso o que ela queria.P.S 1: Os menos atentos podem não ter notado que as montagens que eu fiz possuem exatamente 20 fotos cada (escolhidas cuidadosamente entre as mais de 200 que eu tenho), totalizando 80 fotos diferentes, o mesmo número de anos que Marilyn completaria hoje, caso estivesse viva.
P.S 2: Ao parar o mouse em cada uma das 5 imagens neste post, aparecerão trechos da última entrevista concedida por Marilyn, publicada na revista Life em 1962.
P.S 3: Bellinha e Bia, parabéns a vocês que também aniversariam hoje. Um grande beijo e muitas felicidades às duas.
4 Comentários:
olá, gostei deste blogue. Cumprimentos de Portugal.
Por Anônimo, Às 9:21 AM
Eita, que alguem fez o dever de casa sobre Marilyn durante a noite toda, ne?
E que dever de casa!!
Beijos.
Por Val, Às 11:30 AM
Menino !Mas que paixão por Marilyn!Realmente eu ,como uma autêntica cheinha concordo com a "moda anoréxica".hahahhaa,um abraço cunhadinho.
Por Anônimo, Às 9:47 PM
Puxa, como Keka falou, você fez um tour de force bem tietagem mesmo. Fico feliz em ter na minha dvdteca um dos filmes mais engraçados de Marilyn, o Quanto mais quente melhor... Abraço!
Por Anônimo, Às 4:18 PM
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