Estiando-se

Quando saía de casa,
percebeu que a chuva soletrava
uma palavra sem nexo
na pedra da calçada.

Não percebeu que percebia
que a chuva que chovia
não chovia na rua por onde andava.

Era a chuva que trazia
de dentro de sua casa;
era a chuva que molhava
o seu silêncio molhado
na pedra que carregava.

Um silêncio feito mina,
explosivo, sem palavra,
quase um fio de conversa
no seu nexo de rotina
em cada esquina que dobrava.

Fora de casa,
seco, na calçada,
percebeu que percebia
no auge de sua raiva
que a chuva não mais chovia
nas águas que imaginava.

(Chuva Interior, Mario Chamie)

Cadê o técnico?

Será que alguém poderia me dizer por que os técnicos de autorizadas de eletrodomésticos estão entre as pessoas mais importantes do país? Por que cargas d'água nossos horários e nossos compromissos têm que ser sacrificados só porque estas pessoas não sabem precisar a hora em que farão a famigerada visita?

"A visita está marcada para a sexta à tarde, Senhor", diz a atendente. "Eu trabalho o dia inteiro das 7h às 16h, tem como você me dizer mais ou menos a que horas ele passa?" questiono eu, esperançoso. "Das 13h às 18h, Senhor, não tem como dizer uma hora exata". Frustrado, peço dispensa no trabalho para a tarde inteira da sexta, pois meu microondas está quebrado há muito tempo e não adianta mudar de autorizada, porque é a segunda visita e nesse meio-tempo, a nota fiscal já passou do prazo da garantia.

Sexta-feira, pouco mais de meio-dia e meia, chego em casa e sento no sofá. Às 18h30 percebo que o técnico não vai mais aparecer. Ligo hoje, sábado, bem cedo e me dizem que ele teve um problema com o transporte, como se isso fosse desculpa pra não trabalhar e nem deixar que os outros trabalhem, nem façam mais nada. Fora isso, tendo meus dois números de telefone, não seria pedir demais pra que tivessem ligado. Resultado: remarcado pra segunda-feira de manhã. Meu chefe não vai gostar de saber disso, mas vou ficar em casa esperando que o ilustríssimo, excelentíssimo técnico de autorizada tenha a boa vontade de finalmente dar as caras por aqui, logicamente como sempre na hora em que bem entender e quando melhor lhe convier.

A propósito do meu post anterior, Nadal e González começaram a partida na quinta à noite e só terminaram hoje de manhã, devido a fortes chuvas nos Estados Unidos. Nadal venceu fácil pois voltou pra quadra e González, não.

Vamos, Rafa!

Daqui a pouco tem Rafael Nadal contra Fernando González nas quartas-de-final do US Open, em Nova York. Pra quem gosta de tênis, simplesmente imperdível.

O canhoto espanhol Nadal, que conseguiu tomar por pouquíssimo tempo o posto de número 1 do mundo do fantástico Federer, tenta seu primeiro título no único torneio de Grand Slam que ainda não tem.

O chileno González, dono da direita mais poderosa do circuito, numa grande fase, é um jogador de coração, deixa a paixão falar mais alto e às vezes dá muito certo, como quando nas Olimpíadas de Atenas em 2004, junto com o compatriota Nicolás Massu, fez história ao ganhar o primeiro ouro para o Chile na história dos Jogos.

Talvez pela primeira vez eu vá torcer contra o chileno, porque Nadal é Nadal. Mas não vamos exagerar, um fã enlouquecido entrou na quadra depois do jogo das oitavas-de-final, em que Nadal ganhou do francês Monfils, e tacou o beijo no espanhol, que levou tudo numa boa. Menos, pessoal, menos.


Off-topic: descobri hoje que a Embaré lançou simplesmente uma coisinha chamada de Caramelos de Cappuccino!!! Receita pra viciados como eu se manterem acordados e acima do peso :P