Não que isso importe, mas...

27 junho, 2006

Em Gana que eu gosto

Sobre os outros dois dias das oitavas-de-final da Copa do Mundo.

Na segunda-feira, a Itália pegou a Austrália num jogo sonolento e com poucas chances, do jeito que os australianos gostam, físico e emperrado, com cara de zero a zero. E seria, não fosse o juiz inventar um pênalti aos 47 do segundo tempo. A Itália, prejudicada na Copa passada, ganha uma mãozinha do homem de preto e passa adiante. Vai ter sorte assim em Roma. No segundo jogo do dia, Ucrânia e Suíça maltrataram muito a bola durante 120 minutos. Após a prorrogação, a Suíça saiu da Copa sem levar gols, mas provou sua incompetência quando perdeu todos os pênaltis batidos.

Na terça, o Brasil entrou em campo pra enfrentar Gana com o mesmo time que começou contra a Croácia (ai, ai, ai, Parreira). Num lance brilhante, o maior goleador da história das Copas do Mundo, nosso Ronaldo, botou pra dentro do gol africano. Cafu, na única bola que cruzou certo na Copa até aqui, encontrou Adriano impedido pra fazer o segundo. Ricardinho, que entrou muito bem, criou pelo menos 3 oportunidades e passou pra Zé Roberto fechar a conta. Continuo sem uma boa impressão desse time, podem me chamar de pessimista, mas não estou convencido nem me deixo enganar. Já que nosso tecnicozinho não vai tirar os laterais centenários, podia ao menos manter Ricardinho ou Juninho no meio, colocando Ronaldinho na frente com Ronaldo e mais solto, quem sabe não dava certo? Ou vamos torcer pela recuperação de Robinho, porque Adriano não dá.

Assistimos ao jogo num barzinho em Keynes, prédio onde fica o escritório de Val. É um barzinho legal, mais perto e mais barato que o da cidade, a pena é que tava cheio de gente tentando azarar o Brasil (compreensível, admito). Africanos, franceses, espanhóis e ingleses se uniram na torcida por Gana, mas viram o time ganhar experiência... e só. Esses aí embaixo são a torcida do Brasil: Alex (que é filho de alemães e nasceu na Grécia) e os brazucas: Erick, eu, Val e Gisele. Antes que venham comentários me chamando de cheinho, fofinho ou similares (kkkkkkkk), já vou dizendo que a balança os contradiz, cheguei na casa dos 78 e minha forma física está melhor que nunca, estou voando no futebol :P

A Espanha repetiu a velha história de sempre, nadou nadou e morreu na praia. Morreu bem cedo dessa vez. Teve o azar de pegar a França embalada. Vibrei muito com o primeiro gol espanhol, mas infelizmente vi o empate ainda no primeiro tempo e disse a Val: "Isso é sinal de virada". Dito e feito. No segundo tempo, Henry, o aspirante a ator e jogador metido ao tal nas horas vagas, enganou o árbitro e se jogou como uma gazela baleada depois de fazer uma falta covarde no zagueiro Puyol. O juiz inverteu, dando a falta pro time francês bater e mostrando amarelo pro espanhol. Zidane cruzou e o ótimo volante Vieira marcou, faltando 7 minutos pro fim da partida. Nos descontos, o próprio Zidane fechou o placar.

Os jogos das quartas-de-final ficaram assim (vou arriscar dar palpites, embora as arbitragens estejam decidindo os jogos, beneficiando a França e a Itália, por exemplo):

- Argentina x Alemanha (meu palpite é Alemanha, mas estou doido pra a Argentina passar, queria poder pegar eles na final);
- Itália x Ucrânia (meu palpite é que vai pros pênaltis. Daí, pode até dar Ucrânia);
- Inglaterra x Portugal (Poderia dar Portugal fácil fácil se não fossem os desfalques, que sorte desse ingleses, tsc tsc, eles devem passar);
- Brasil x França (a motivação dos brasileiros contra a teimosia do Parreira, vai ser uma delícia de jogo, claro que vou torcer pro Brasil, mas previ antes da Copa começar que pararíamos nas quartas).

Ontem a Seleção deu a vitória de presente pro meu pai, já passa de meia-noite por aqui, mas ainda é 27 de junho no Brasil (além disso já falei com ele, que estava pra lá de Bagdá de alegria e festejo), portanto, deixo um beijo aqui bem grande. Parabéns, pai. Feliz aniversário também pra minha amiga Fernanda, que está morando em Madri com a família.

25 junho, 2006

A Inglaterra agradece...

Um rápido comentário sobre os dois primeiros dias de oitavas-de-final da Copa.

Na tarde do sábado, a anfitriã Alemanha começou o jogo arrasando a Suécia, dava a impressão de ser uma goleada, e poderia ter sido se não fosse uma atuação inspirada do goleiro, que defendeu várias bolas dificílimas do ataque alemão. Mas os suecos se acharam, principalmente depois de ficarem com um a menos em campo, acho que se soubessem teriam entrado já com dez e não onze. Infelizmente, desperdiçaram um pênalti e deixaram de acreditar no jogo. Ainda no sábado, Argentina e México fizeram o melhor jogo das oitavas até aqui, o México saiu na frente e a Argentina respondeu como devia, logo em seguida. Daí em diante, foram várias chances até a prorrogação, onde se viu o gol mais bonito da copa até aqui, a Argentina passou, mas não foi tão fácil como todos pensavam. Alemanha e Argentina se pegam nas quartas, vai sair faísca.

No domingo à tarde, mais uma vez eu estava preparado para torcer contra a insossa seleção inglesa e mais uma vez, eles deram sorte. Num dos piores jogos que eu já assisti em uma Copa, eles apresentaram um futebol de péssima qualidade, mas os equatorianos também não compareceram, restou à estrela Beckham cobrar perfeitamente uma falta e depois os ingleses só seguraram o resultado num jogo bastante covarde. Depois, Portugal e Holanda. Confesso que não acreditava muito nos patrícios, mas eles parecem estar com muita vontade, saíram na frente com um ótimo gol e depois só o que se viu foram cartões amarelos e vermelhos sendo distribuídos junto com pontapés e socos, num jogo muito nervoso e que, pra minha raiva, acabou desfalcando o time português de grandes estrelas, imprescindíveis pra o jogo contra os ingleses, seus adversários na próxima fase. Aqui, eles são só sorrisos, sabem que com o futebolzinho merreca que apresentam não chegam longe, mas com a sorte que vêm tendo, podem até tirar Portugal, quanto a mim, vou continuar torcendo contra como nunca :)))

Ansioso pro jogo do Brasil. Gana não é flor que se cheire, além disso o histórico brasileiro contra seleções africanas em jogos de competição não é tão feliz. Espero que a tradição fale forte e o Parreira não atrapalhe. Vamos vestir a camisa e torcer muito.

21 junho, 2006

Here Comes the Sun

"Vem chegando o verão, um calor no coração..."

Pra falar a verdade, o sol já veio, mas o verão mesmo só chegou hoje, dia 21 de junho, solstício de verão para quem está acima da linha do Equador e solstício de inverno (portanto começo do inverno) pra quem está no Hemisfério Sul.

Em comemoração a esta chegada de uma estação tão bem vinda, principalmente se moramos em um país frio na maior parte do ano, resolvi postar uma curiosidade que tem a ver com o verão, já que é relacionada a sorvetes. É que, como muitos devem saber, a Kibon não é exclusividade nossa, são vendidos sob o mesmo logotipo do coração alguns dos nossos picolés e sorvetes, com o mesmo nome, em vários países do mundo. Eu e Val, só descobrimos isso quando chegamos aqui e depois de irmos a Portugal e à Espanha. O logotipo é o mesmo, mas a marca tem nome diferente. Abaixo uma lista com estes nomes, mundo afora:

- Algida (Grécia, Itália, Polônia, Rússia, Eslováquia, Turquia)
- Bresler (Chile)
- Eskimo (Croácia, Áustria, Rep. Tcheca, Hungria)
- Frigo (Espanha)
- Frisko (Dinamarca)
- GB Glace (Finlândia, Suécia)
- Glidat Strauss (Israel)
- Good Humor (Estados Unidos)
- HB (Irlanda)
- Holanda (México)
- Kibon (Brasil)
- Langnese (Alemanha)
- Miko (França)
- Ola (Portugal, Holanda, África do Sul, Bélgica)
- Pierrot Lusso (Suíça)
- Streets (Austrália)
- Tio Rico (Venezuela)
- Wall’s (Inglaterra, Escócia, Gales, China, Paquistão)

(Editado em 27/06/2006 - Minha prima linda, Carol, comentou abaixo que havia faltado na lista o sorvete Motta, por coincidência mesmo nome da família de nossa avó. Acontece que a Motta é Nestlé, como pude comprovar pela foto que ela mandou, e não Unilever, como as acima)

Temos foto do logotipo em cada um dos países que fomos (Val não teve oportunidade de tirar na Itália). As fotos (em sentido horário, começando pelo alto à esquerda) foram tiradas em: Canterbury - Inglaterra; Santiago de Compostela - Espanha; Lisboa - Portugal; e Dublin - Irlanda.

Com o clima que tem feito por aqui, temos tomado e ainda vamos tomar muito sorvete, inclusive alguns imperdíveis que infelizmente não se encontram no Brasil (pelo menos enquanto eu ainda estava lá), como o Cornetto de Menta :))

Hoje recebi pelo correio uma encomenda de casa com cartas, livros, revistas, CD, DVD e carinho, muito carinho. Fiquei muito feliz, me senti mais pertinho de vocês. Mãe, pai, Cau, obrigado e um beijo no coração. Além da carta, que é um contato muito mais íntimo e pessoal que um e-mail, outras preciosidades que vieram foram: o livro mais novo de Saramago (As Intermitências da Morte, não traduzido e pouquíssimo conhecido na Inglaterra); o guia Placar da Copa do Mundo já que, como eu disse em post anterior, ninguém cobre a Copa como o Brasil; um DVD com o compacto dos desfiles das escolas de samba do Rio em 2006; e o CD da Banda Nova Aliança, em que minha irmã pequena canta (lindamente, por sinal).

O dia de hoje é também aniversário de Mariana e Juliana, duas gêmeas lindas, amigas de Cau, que eu adoro muito. E neste dia também nasceram famosos como o grande Machado de Assis e o filósofo francês Jean Paul Sartre. Parabéns a todos :)

19 junho, 2006

Até aqui, tudo bem... certo?

Erradíssimo! As duas primeiras partidas da Seleção mostram que no time sobra experiência e falta muito pra ganhar uma Copa. Com um futebol feio, truncado e sem ânimo, muito lembrou o time de resultados com que o mesmo Parreira nos brindou em 1994, venhamos e convenhamos, o título mais sem graça já ganho pelo escrete canarinho.

A zaga não foi testada ainda, já que não pegamos nenhum ataque bom, mas é constante motivo de preocupação para espectadores céticos como eu. Não tem como acreditar num time que tem Cafu como titular absoluto. Tudo bem que o cara já fez muita coisa legal, é um recordista, é experiente, coisa e tal, mas o que vale agora é que o reserva Cicinho está numa forma excelente e acaba não tendo chance. O decrépito Cafú recebe muitas bolas por jogo e nunca, nunquinha dá continuidade. Dele e de Roberto Carlos não vemos um cruzamento certo sequer e na defesa só chutões e faltas desnecessárias. De Zé Roberto e Emerson, não há o que reclamar, eles têm feito o que sempre fazem, correm muito, roubam bolas, marcam bem.

Quanto ao "quadrado mágico", a mágica esqueceu o passaporte e não entrou na Alemanha. Ronaldo e Adriano estão parados, deram uma melhorada no segundo jogo mas estão longe de uma boa forma. Ronaldinho está recuado e muito marcado, parece estar jogando com uma coleira, não é o menino solto que a torcida do Barcelona se acostumou a ver. Não quero que ele faça malabarismo, Copa é mais sério, mas espera-se que ele brigue mais. Quem parece com mais vontade é Kaká, que é o melhor da Seleção e está numa forma excelente.

Está faltando vibrar. Não precisa brilhar e dar show, mas precisa dar murro na grama e ranger os dentes quando faz besteira, precisa se jogar na bola e se esticar pra pegar um passe mais longo, precisa se concentrar e ter certeza de que não dava pra fazer melhor. Nem sempre se ganha, mas perder sem lutar o bastante é passar vergonha, e é essa a impressão que eu tenho: a de que esse time não está dando o gás que pode, ou está sem gás pra dar.

Eu e Val temos assistido à maioria dos jogos em casa mesmo, já que Aisling ganhou uma televisão de 21 polegadas e nos emprestou. A imagem está ótima e a cobertura não é como a brasileira, mas todos os jogos foram mostrados. Assim como todo mundo deve estar no Brasil, os comentaristas andam muito impressionados com a Argentina e um tanto decepcionados com nossa Seleção. Mas o respeito com o Brasil é grande, eles não deixam de temer que de repente comece a brilhar pelo menos uma das estrelas de nossa constelação, morrem de medo que o gigante adormecido acorde... só espero que quando isso acontecer não seja tarde demais.

12 junho, 2006

Dia dos Namorados

Mais um dia lindo de sol. Eu e minha namorada (com quem, a propósito, também sou casado) aproveitamos para preparar o almoço e fazer um piquenique ao lado de nossa casa, ao som dos pássaros e do vento, à sombra das árvores e sob os olhares de coelhos, pássaros e esquilos. Namoramos muito, recebi um lindo cartão, foi um dia maravilhoso. Temos que fazer isso mais vezes nesses poucos dias do ano em que há sol, foi uma delícia. Depois do almoço (uma bela salada de verduras), jogamos baralho, conversamos e batemos foto, mas podíamos muito bem ter passado a tarde lá lendo um bom livro. Val, feliz dia dos namorados, amo você.

Tenho assistido a todos os jogos da Copa, estou decepcionado com a Seleção Inglesa e p... da vida com a imprensa cega daqui, que acha que só é bom quem joga num time inglês e acha que não tem como tirar o título da Inglaterra. O pior é que essas opiniões acabaram passando pro público, o que é um saco, porque não tem como argumentar com fanáticos.

Amanhã tem Brasil, espero que a gente pelo menos comece com o pé direito e uma boa vitória sobre a Croácia. Marcamos pra ver o jogo num bar repleto de brasileiros com um telão, vamos tentar mais uma vez nos sentir em casa. Tomara que dê em festa. Boa torcida a todos.

07 junho, 2006

Vai começar de novo

Copa do Mundo. Uma vez o jornalista Juca Kfouri escreveu que pra nós, apaixonados por futebol, a Copa traz uma emoção tão grande, que precisamos de 4 anos pra nos recuperar e ficarmos prontos pra outra. Exageros à parte, o maior evento esportivo de uma só modalidade é apaixonante pra quem gosta do esporte, pra quem não gosta tanto, é uma boa oportunidade pra confraternizar e vibrar com amigos e mesmo quem não gosta, de jeito nenhum, acaba de uma forma ou de outra tendo sua vida afetada nesses 30 dias, ou pelo menos enquanto a Seleção Brasileira continuar na competição.

O sentimento de uma Copa longe do Brasil é ainda mais peculiar, aquelas pessoas vestindo camisa amarela e correndo atrás de uma bola estão representando o seu país, e já que no meio da Babel em que vivemos aqui não há muitos brasileiros, eles estão de fato nos representando. Isso nos faz ainda mais próximos dos pupilos do Parreira.

E um desses pupilos nos dá mesmo muito orgulho. Ronaldo de Assis Moreira, o Ronaldinho (diminutivo pela cara de moleque) Gaúcho (por sua naturalidade), estrela de 26 anos do Barcelona, campeão espanhol e europeu de 2006, eleito pela FIFA melhor jogador do mundo em 2004 e 2005, é um ídolo onde quer que se vá. Até dos ingleses mais chatos e fanáticos só vêm elogios quando o assunto é o gênio dentuço. A Nike lançou uma campanha chamada "Joga Bonito", talvez pelo Brasil tenham passado algum dos vídeos pela televisão mas nesses dois sites vocês encontram todos os 140 vídeos da campanha: Joga Bonito 1 e Joga Bonito 2. Vale a pena dar uma espiada e abrir um sorriso inevitável com algumas lindas imagens de puro talento.

O mesmo Juca Kfouri que eu citei acima escreveu em seu blog sobre o que aconteceu com o Ronaldinho Gaúcho num treino recente da Seleção. Eu achei o post tão interessante que repito aqui abaixo:

"Numa fase em que as notícias escasseiam, abundam os factóides.
Como o deste episódio que rendeu, ao menos, uma inusitada foto na primeira página do UOL.
Ronaldinho Gaúcho levou, digamos, uma estilingada no traseiro.
Traseiro, bumbum, derrière, nádegas, você não imagina quantas horas já foram consumidas nas redações brasileiras para se decidir como chamar a bunda.
Palavra que, para uma tia minha, é muito mais bonita, e sonora, que crisântemo.
Dizia ela que se bunda fosse nome de planta e crisântemo o da região abaixo das costas, aí sim haveria motivos para se evitar seu uso.
Enfim, não há de ser nada. O que abunda não prejudica."


A foto do início foi tirada por Val hoje à tarde, em mais um lindo dia de sol aqui na Inglaterra (o sexto consecutivo!!!). Nela eu apareço usando minha camisa oficial da Seleção Brasileira, já contando as horas pra começar o torneio. Nenhuma cobertura é tão boa quanto a da imprensa brasileira, nenhum guia sobre a copa é tão completo e apaixonado quanto os que estão nas bancas do Brasil por essa época. Como eu queria estar em casa e poder ver meu país mais colorido e mais sorridente, torcer junto com os amigos, ouvir a vizinhança gritar gol. Bom, tenho que me contentar em acompanhar tudo de longe mesmo. Não estou tão confiante por um título, mas acredito em bons jogos. Boa Copa a todos.


P.S: Quero registrar minha tristeza com a morte do guitarrista da banda Detonautas, uma das minhas favoritas, em São Paulo no último dia 4. Rodrigo Netto, o Nettinho, tinha apenas 29 anos e foi assassinado por criminosos que tentavam roubar seu carro numa movimentada avenida da capital paulista. É bom lembrar que essa notícia causa maior impacto porque se trata de alguém famoso, mas infelizmente este está longe de ser um caso isolado. É uma pena que essa nuvem negra de violência tenha estacionado na maior cidade do Brasil.

01 junho, 2006

Happy Birthday, Marilyn

Já não se fazem musas como antigamente. Marilyn Monroe foi uma das mulheres mais fascinantes da história e é, sem dúvida, o maior símbolo sexual do cinema. O que mais irrita é que Marilyn, com suas formas arrendodadas e suaves e feminilidade no volume máximo, seria provavelmente atacada pela mídia e chamada de "gordinha", nesse mundo moderno, onde o cinema é anoréxico. Resolvi homenageá-la aqui nesse espaço e escrevi uma pequena biografia, tomando por base a do seu site oficial, alguns outros sites dedicados e revistas de cinema. Esse não é apenas um arroubo de um fã incondicional, que cresceu apaixonado pelo vestido esvoaçante de O Pecado Mora ao Lado, pela loura fatal de Os Homens Preferem as Louras e pela voz e formas sob um vestido transparente em Quanto Mais Quente Melhor, o post de hoje tem motivo de ser. É que neste dia de 1º de junho, em 1926, na cidade de Los Angeles, estado da Califórnia, nascia Norma Jean Mortensen.

Seu verdadeiro pai nunca foi identificado, sua mãe, Gladys Baker, ganhava mal trabalhando nos bastidores de um grande estúdio da época (o RKO). Sua avó Della Monroe, que depois a batizou como Norma Jean Baker, morreu em 1927. Gladys não podia tomar conta da filha por problemas financeiros e a colocou pra adoção. Os problemas da pequena Norma estavam apenas começando. Ela viveu com seus pais adotivos, relatados como rudes e pouco atenciosos, até os 7 anos de idade, quando Gladys teve um colapso mental e foi internada numa instituição. Norma passou a ser responsabilidade da lei. A justiça colocou a menina sob os cuidados de Grace McKee, uma amiga de sua mãe. Mas quando Grace se casou, em 1935, Norma Jean teve que ser enviada a um orfanato e de lá, passou por uma sucessão de casas, onde sofreu abuso e negligência de pais adotivos que não a aceitavam. Grace, mais tarde, pediu novamente a guarda da menina e muitos biógrafos descrevem essa parte da vida de Norma como uma trégua em tantos problemas. Uma trégua de 5 anos. Até que a família de Grace teve que se mudar para a Costa Leste, impedidos de levar Norma consigo. A lei a deixava, então, com duas alternativas: voltar ao orfanato ou se casar. Grace usou de seus conhecimentos e em 1942, dias depois de completar 16 anos, Norma casou-se com o vizinho de 21 anos, Jimmy Dougherty.

Sometimes I'm invited to places to kind of brighten up a dinner table like a musician who'll play the piano after dinner, and I know you're not really invited for yourself. You're just an ornament. Logo veio a 2ª Guerra Mundial e Jimmy, como muitos outros, teve que atender ao chamado do Tio Sam. Restava à jovem Norma trabalhar para seu sustento. Foi no seu trabalho, numa fábrica de aviões militares, que o fotógrafo de guerra David Conover reconheceu nela, pela primeira vez, uma estrela em potencial e lhe arranjou vários trabalhos como modelo. Mas Norma Jean queria mais e começou a pagar aulas de atuação, espelhando-se em atrizes como Jean Harlow e Lana Turner. Jimmy volta da Guerra em 1946 e encontra sua esposa engajada na carreira de atriz e modelo, tradicionalista que era, tornou-se óbvio o conflito de interesses, o que ocasionou o divórcio. Dois meses depois, Norma, aos 20 anos, assina um contrato com a Twentieth Century Fox. Resolve, então, pintar de louro o seu lindo cabelo castanho claro, usar maquiagem pra acentuar o sinal que possuía do lado esquerdo do rosto pouco acima do lábio (que viraria sua marca registrada) e adotar o nome artístico Marilyn Monroe (o mesmo sobrenome de sua avó).

Some of my foster families used to send me to the movies to get me out of the house and there I'd sit all day and way into the night. Up in front, there with the screen so big, a little kid all alone, and I loved it. I loved anything that moved up there and I didn't miss anything that happened and there was no popcorn eitherNo primeiro contrato com a Fox, Marilyn fez três filmes, sendo que seu papel de mais destaque, no filme Idade Perigosa (Dangerous Years, 1947), não agradou o estúdio que não renovou com a atriz. Persistente, um ano depois, num filme da Columbia Pictures, Marilyn mostra pela primeira vez que sabe cantar em Mentira Salvadora (Ladies of the Chorus, 1948), mas isso não convence o estúdio que não a contrata e, depois de um pequeno papel em Loucos de Amor (Love Happy, 1949), Marilyn retorna à vida de modelo. É nesse mesmo ano de 1949 que ela posa nua para um calendário, fotos que mais tarde, em 1953, teriam seus direitos comprados pelo milionário Hugh Hefner, a fim de publicá-las no número de estréia de sua nova revista masculina, a Playboy. Não por coincidência, sua carreira de atriz retomou fôlego e ela participou de 5 novos filmes, entre eles O Segredo das Jóias (The Asphalt Jungle, 1950) da MGM e um pequeno papel em A Malvada (All About Eve, 1950), da Fox, ganhador de seis Oscar (inclusive de melhor filme). O público notava cada vez mais em Marilyn, a fama havia chegado enfim.

A sex symbol becomes a thing. I just hate to be a thing. But if I'm going to be a symbol of something I'd rather have it sex than some other things they've got symbols of!Ganhando papéis de crescente importância, Marilyn viu sua popularidade decolar quando começou a namorar o queridinho dos Estados Unidos, superstar jogador de baseball Joe DiMaggio. Em 1953, seu título de estrela de cinema veio em seguida aos papéis em Torrentes de Paixão (Niagara), Os Homens Preferem as Louras (Gentlemen Prefer Blondes) e Como Agarrar um Milionário (How to Marry a Millionaire) ganhando prêmios e extenso reconhecimento de público e crítica. Ela e DiMaggio se casam e nove meses depois se separam. Mas sua carreira no cinema continua em alta e em seguida vem um dos papéis mais marcantes da atriz, fazendo "a garota" de O Pecado Mora ao Lado (The Seven Year Itch, 1955), onde protagoniza a cena em que seu vestido branco sobe soprado pelo vento vindo de uma grade de metrô, numa das cenas mais facilmente identificáveis e imitadas de todos os tempos no cinema.

Mas Marilyn não estava satisfeita, queria mais do que apenas interpretar a loura burrinha e a cantora sexy, queria papéis mais sérios e desafiadores, que fizessem dela a verdadeira atriz que desde cedo sonhara ser. Isso causou a explosão de sua rebeldia e constantes conflitos com diretores e produtores. A atriz exigiu da Fox mudanças no contrato, o estúdio não aceitou seus termos e a suspendeu por não comparecer a filmagens em que ela desempenhava papéis que considerava inapropriados, tendo em vista o novo rumo que buscava dar a sua carreira. A Fox finalmente cedeu às exigências de Marilyn, após os sucessivos fracassos em substituí-la, usando nomes como Jayne Mansfield e Sheree North. O novo contrato dava à estrela a liberdade de opinar na parte criativa (roteiro e direção) e direito a participar de filmes de outras produtoras. Além disso, Marilyn criou sua própria produtora, a Marilyn Monroe Productions. O primeiro filme feito sob o novo contrato foi uma co-produção da Fox e da nova produtora e se chamou Nunca Fui Santa (Bus Stop, 1956), que foi muito bem acolhido, rendendo a indicação de Marilyn ao Globo de Ouro, além da indicação ao Globo de Ouro de Melhor Filme e ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. A Marilyn Monroe Productions só produziria mais um filme, O Príncipe Encantado (The Prince and the Showgirl, 1957), que não fez sucesso apesar de dirigido e estrelado pelo astro inglês Laurence Olivier. Ele e Marilyn não mostraram nenhuma química e a história era fraca. Ainda assim, a atriz agradou com seu papel, colheu boas críticas e ganhou alguns prêmios, sendo inclusive indicada ao BAFTA de Melhor Atriz Estrangeira. Sua versatilidade estava comprovada.

Goethe said: 'Talent is developed in privacy', you know? And it's really true. There is a need for aloneness which I don't think most people realize for an actor. It's almost having certain kinds of secrets for yourself that you'll let the whole world in on only for a moment, when you're acting.Em 1959, Marilyn se casa pela terceira vez, agora com o escritor Arthur Miller. Nesse mesmo ano, ela estrela o que é, certamente, um dos melhores filmes de comédia já feitos, Quanto Mais Quente Melhor (Some Like it Hot), ao lado de Jack Lemmon e do galã Tony Curtis. O filme, um verdadeiro sucesso do gênio Billy Wilder, é indicado a seis Oscar, ganhando o de Figurino e abocanha 3 Globos de Ouro, Melhor Filme, Melhor Ator e Melhor Atriz para Marilyn, prêmio de maior importância em sua carreira, que acabara de atingir o auge. Um ano depois, Marilyn faz Adorável Pecadora (Let's Make Love, 1960), apesar de fraco o filme apresenta um de seus números mais famosos, My Heart Belongs to Daddy, de Cole Porter. Em 1961, ao lado de Clark Gable e Montgomery Clift, a atriz estrela em Os Desajustados (The Misfits), seu último filme completo e também o último de Gable, que morreria no fim do mesmo ano.

This is supposed to be an art form, not just a manufacturing establishment. The sensitivity that helps me to act, you see, also makes me react. An actor is supposed to be a sensitive instrument.Em abril de 1962, começa a ser rodado Something's Gotta Give. Marilyn se mostra totalmente desconectada do projeto. Em maio de 1962, ela faz sua última aparição em público no famoso Happy Birthday, Mr. President, uma festa de aniversário do presidente John F. Kennedy transmitida pela TV estadunidense. Enquanto isso, no conturbado set de filmagens, algumas cenas são rodadas sem a presença da estrela, que agora faltava sempre, às vezes alegando doença. A Fox chega inclusive a multá-la e expulsá-la do projeto, mas é obrigada por contrato a rever sua decisão. Em 5 de Agosto de 1962, a faxineira de sua casa em Brentwood, na Califórnia, encontra Marilyn Monroe morta aos 36 anos devido a uma overdose de pílulas, sem roupas e segurando o telefone.

Várias teorias de conspiração surgiram ao longo dos anos tentando explicar a "misteriosa" morte de Marilyn mas, na minha opinião, não houve mistério. Durante sua curta carreira, Marilyn sempre mostrou ao público o que ela queria que ele visse. Fazia o gênero loura burra, muito bem por sinal, mas na verdade diz-se que era bastante inteligente (o que pode se comprovar em algumas entrevistas); apresentava-se como caçadora de homens, mas sempre se sentiu desprezada de alguma forma; mostrava-se destemida, rebelde e ambiciosa, mas nunca deixou de ser aquela frágil garotinha do subúrbio de Los Angeles, sempre à procura do amor de pais que não a abandonassem. Seu suicídio (e pra mim não foi nada diferente disso) parece ter sido o último e mais desesperado desses atos dissimuladores. Ninguém hoje imagina Marilyn com mais do que 36 anos, algo me diz que era exatamente isso o que ela queria.

P.S 1: Os menos atentos podem não ter notado que as montagens que eu fiz possuem exatamente 20 fotos cada (escolhidas cuidadosamente entre as mais de 200 que eu tenho), totalizando 80 fotos diferentes, o mesmo número de anos que Marilyn completaria hoje, caso estivesse viva.

P.S 2: Ao parar o mouse em cada uma das 5 imagens neste post, aparecerão trechos da última entrevista concedida por Marilyn, publicada na revista Life em 1962.

P.S 3: Bellinha e Bia, parabéns a vocês que também aniversariam hoje. Um grande beijo e muitas felicidades às duas.