Não que isso importe, mas...

28 abril, 2006

Enfim, Londres

Finalmente, depois de estarmos há tanto tempo aqui em Canterbury, vamos conhecer mesmo Londres. É que, apesar de estarmos a uma distância pequena (uns 100Km, um pouco menos do que João Pessoa-Recife), ainda não tínhamos tido oportunidade de parar por lá. E sempre chegou perto, atiçando a curiosidade da gente.

A capital da Inglaterra foi o primeiro lugar em que pisamos na Europa, mas só saímos do aeroporto de Heathrow pra entrar no ônibus pra Canterbury. Depois veio a nossa viagem pra Portugal e Galícia, de novo passamos por Londres pois saímos da Victoria Station pra o aeroporto de Stansted. No fim de semana passado, eu fui a Londres com o pessoal aqui da casa e ficamos no apartamento de um amigo (show por sinal). Vi minha oportunidade de passeio cultural ir embora quando, graças ao dia lindo que estava fazendo, todos decidiram ir a um parque. Não fiquei triste, não era um parque qualquer e o dia estava uma maravilha mesmo, foi o dia em que os termômetros marcaram maior temperatura na Inglaterra nos últimos 8 meses, embaixo de um céu bem brasileiro, azul e ensolarado, passamos uma deliciosa tarde de 20 graus.

O passeio foi pelo Kew Gardens, um parque no sudeste de Londres com 1,2 quilômetro quadrado de área e muitas árvores, lagos, jardins, estufas, animais soltos. Trata-se, na verdade de um jardim botânico, que por ser propriedade de Sua Majestade, é conhecido como Royal Botanic Garden. Essa foto acima sou eu aos pés de uma Magnólia logo na entrada do parque. Como o dia tava lindo, o lugar ficou cheio. Pais com crianças, mulheres grávidas passeando, namorados por todos os cantos, o pessoal da boa idade, todo mundo resolveu entrar em contato com a natureza em pleno dia da Terra (22 de abril). Eu, que adoro flores, tirei foto de todo tipo delas, essa aí embaixo foi a que mais me impressionou, infelizmente não anotei o nome e não lembro (tinha plaquinha até nas árvores, com o nome popular e o científico), se alguém souber, por favor me diga. (Editado em 20/05/2006 - Como depois fiquei sabendo, a foto abaixo retrata uma Iris Japônica)

À noite, fomos a um restaurante japonês em Piccadilly, no centro de Londres. Apesar de surpreendentemente barata, a comida era boa e o ambiente agradável, mas eu ainda continuo com saudade do Tererê :))

Como Val estava num Workshop em Menaggio, na Itália (lindo lugar por sinal), não pôde ir comigo. Aproveitamos que Fernando chegou em Londres ontem e resolvemos voltar lá, vamos amanhã de manhã, dessa vez pra passear de verdade. Vou escrever com mais calma e postar umas fotos aqui quando voltarmos no domingo à noite.

Por falar em encontrar brasileiros, na quarta fui a um pub assistir ao jogo Milan x Barcelona e vi no meio dos gringos uma cara conhecida. Ele também me reconheceu e perguntou se eu era brasileiro, a gente se conhecia e não sabia de onde. Numa coincidência pra novela da Globo nenhuma botar defeito, em pouco tempo descobrimos que fizemos o mesmo curso, Computação na UFPE, só que ele entrou quando eu já estava no 7º período. Além disso, ele também mora aqui no campus. Lógico, marcamos um futebolzinho :))

Um abraço apertado e bom fim de semana.

23 abril, 2006

É sempre melhor quando estamos juntos

"Ela é minha delicia, o meu adorno
Janela de retorno numa viagem sideral
Ela é minha festa, meu requinte
A única ouvinte da minha rádio nacional
Ela é minha sina, o meu cinema
A tela da minha cena, a cerca do meu quintal

Minha meta, minha metade
Minha seta, minha saudade
Minha diva, meu divã
Minha manha, meu amanhã

Ela é minha orgia, meu quitute
Insaciável apetite numa ceia de Natal
Ela é minha bela, meu brinquedo
Minha certeza, meu medo
É meu céu e meu mal
Ela é o meu vício e dependência
Incansável paciência e o desfecho final

Minha meta, minha metade
Minha seta, minha saudade
Minha diva, meu divã
Minha manha, meu amanhã

Meu fá, minha fã
A massa e a maçã
Minha diva, meu divã
Minha manha, meu amanhã
Meu lá, minha lã
Minha paga, minha pagã

Meu velar, meu avelã
Amor em Roma, aroma de romã
O sal e o são
O que é certo, o que é sertão
Meu Tao, e meu tão...
Nau de Nassau, minha nação." (Meu amanhã, Lenine)

Não esperava demorar tanto a atualizar meu blog e espero que não se repita, mas acabei viajando no fim de semana. Passei o dia mais "quente" na Europa (desde que chegamos aqui) passeando em Londres, mas disso eu falo depois. Nada mais está importando, nem ocupando minha cabeça mais do que a saudade superlativa que eu sinto da minha melhor metade. Estou contando as horas pra terça, quando o dia vai nascer feliz e Val vai voltar da Itália.

No dia 15 de abril passado, completamos cinco anos juntos. Como não escrevi nada sobre isso, pois só iria tocar no assunto em nossas bodas de papel, que também estão chegando (embora eu também tivesse a desculpa de ter ficado sem palavras com o post do blog dela), resolvi postar a foto de meu presente pra ela. Uma escultura muito bonita de aproximadamente 25cm de altura que retrata um homem e uma mulher se abraçando como no meio de uma dança. É uma pena que pela foto não se note o quão expressiva é a pequena obra. O toque suave entre os dois, a mão dele trazendo a dela pra perto do peito e o outro braço mantendo os dois bem juntinhos. Quanto a ela, a mão direita toca a nuca dele com um carinho que se pode sentir e seu rosto (que incrivelmente está lá sem estar) se volta pra ele com um olhar de ternura. E os dois ficam assim, como em transe numa suave dança sem música nem movimento. Embora dificilmente as esculturas que vemos pra vender me agradem, essa é especial. Fiquei muito feliz com o presente e ela também.

Tenham um ótimo começo de semana.

18 abril, 2006

Ilha de Páscoa

74 horas sem Internet. Em casa, com a família e os amigos acessíveis a um telefonema local ou a poucos minutos de carro (ou ônibus), esse tempo passa logo e nossa incrível dependência da rede não é tão perceptível. Mas infelizmente estamos aqui e as horas foram angustiantes, sem exagero. Dá pra abrir mão e esquecer o vício quando estamos naquele feriado longo e queremos descanso, distância de tudo. Mas no nosso caso, queremos proximidade e nosso contato imediato foi cortado por mais tempo do que devia. O aviso veio em cima da hora (short notice, como eles dizem aqui) e dizia que entre 9 da manhã e 5 da tarde do sábado estaríamos sem energia e portanto sem computador. Tudo bem, manutenção é importante, comportados e resignados, resolvemos passear pela cidade, fazer nossa compra da semana, outras compras necessárias e passar o tempo. Quando voltamos, havia energia, mas os servidores ainda não tinham sido ligados, esperamos já impacientes só pra descobrir mais tarde que tudo só seria religado hoje (terça), já que segunda foi feriado aqui. Com tudo fechado também não tínhamos como comprar cartão internacional pra telefonar do orelhão. Estávamos ilhados em plena Páscoa, sem telefonemas pra casa e nem mesmo um emailzinho. Atualização de blog então, nem se fala.

Antes tarde do que nunca, espero que todos tenham passado uma ótima Páscoa. A maior parte do pessoal da casa viajou e nós passamos um feriado bastante calmo (até demais às vezes), jogando, ouvindo música, ficando em dia com nossos filmes e com o seriado Everwood e reclamando da Internet não ter sido religada. A foto acima mostra os ovos de Páscoa que trocamos. O verde é o que Val me deu, o After Eight, chocolate meio amargo com menta, meu favorito, uma maravilha que a Nestlé infelizmente não fabrica por essas bandas daí. O vermelho é o Maltesers, o meu pra Val. Ela viajou hoje às 5 da manhã pra Itália e eu já tou carente aqui nesse quarto grande.

Tenham uma boa semana.

13 abril, 2006

No limite

Aqui no meu Blog não vou estragar nenhuma surpresa sobre filmes ou séries, tampouco quero dar uma de crítico de cinema. Os verdadeiros críticos são meus amigos Renato Félix e Paulo Neto, que desempenham brilhantemente o papel. Mas como eu sou um apaixonado por filmes, não posso deixar de falar de vez em quando num que me chame a atenção (pra bem ou pra mal até). Só hoje assisti ao filme Crash, o ganhador do Oscar principal desse ano. É daqueles filmes obrigatórios. Sempre gostei de histórias que fazem refletir. Não que eu não goste de um filme descerebrado-passatempo-pipoca de vez em quando, mas meus preferidos são aqueles que deixam pensando depois dos créditos finais e até fazem ver as coisas de forma diferente. Esse é um deles. Não se resume bem um enredo tão rico e cheio de significados, mas ele é sobre a intolerância e o "choque" entre o poder e a impotência, o ódio e o amor, o branco e o negro (ou o iraniano e o latino), o pobre e o rico, enfim entre os diferentes. Trata-se de um filme perturbador, pois embora tome tom de parábola ao contar as várias histórias que se interceptam, ele é real, relevante e atemporal. Não há bem nem mal, não há respostas fáceis, nem um final feliz, mas sim lições tiradas de situações extremas, e a única certeza é a de que outras virão. Assista, vale muito a pena.

Num de seus ensaios, Contardo Calligaris escreveu sobre Crash, pra quem não leu: "...no filme, a feiúra e a loucura do cotidiano, assim como o próprio choque das diferenças, nos aparecem como provas de nossa humanidade comum. Pensando bem, aliás, a única versão possível do sonho moderno talvez seja esta: não a paz e o respeito recíproco, mas a descoberta de um lote de misérias e incertezas que enxergamos nos outros porque, no fundo, são sempre parecidas com as da gente. O sonho moderno não se realiza numa fanfarra de nobres idéias compartilhadas, mas na ternura de nosso olhar diante da imperfeição do mundo".

Abaixo, uma foto que Val tirou num dos nossos primeiros passeios por Canterbury, a foto é velha, mas tem a ver com o post. No caminho de nossa casa para o centro da cidade, escondidinha na ladeira, num muro, fica uma plaquinha com os dizeres: "Rest a while, take time to ponder on man's intolerance towards others", que eu traduziria livremente como: "Descanse um pouco, reflita por um momento sobre a intolerância do homem em relação ao seu semelhante".

É isso, hoje fico por aqui. Na esperança de que tenhamos mais consciência de que nossas diferenças nos fazem únicos e não distantes e de que vamos aprender a lidar com a imperfeição do mundo, enxergando a nós mesmos não como culpados ou vítimas, mas como parte dessa imperfeição.

11 abril, 2006

Sem título

"Você está perdido ou incompleto? Sente-se como um quebra-cabeças do qual não consegue encontrar a peça que falta? Diga, como você se sente? Bom, eu sinto como se eles estivessem falando uma língua que eu não entendo... e estão falando comigo." (Talk - Coldplay)

Sorry pelo baixo-astral... Dias longos, distantes e frios under my skin... Saudades. Wanna go home.

It's sad, so sad, it's a sad sad situation and it's getting more absurd...
What the hell am I doing here? I don't belong here, I don't belong here...

07 abril, 2006

Post engraçadinho

Eu e Val estávamos conversando sobre risadas. Como é bom sorrir e às vezes a gente esquece, pensa que ficar sério e fazer pose é sinal de charme. Lógico que risadagem descompensada é coisa pra tolos, mas gravidade exagerada é pura falta de imaginação. Que sorriso gostoso, contagiante, aquele que vem de quem a gente ama. Val me falou da falta que sente do sorriso de Kiko, seu irmão e eu com saudade especialmente da gargalhada de minha mãe. E foi em homenagem a esses e outros rostos alegres, que eu resolvi postar hoje duas curiosidades da Internet que me fizeram rir ultimamente. Uma é essa da foto aí embaixo, o cachorro do Yoda. O totó parece não estar gostando muito da brincadeira, mas também não é uma maldade assim tão grande, vai que ele é fã de Star Wars.

Autor desconhecidoA outra curiosidade é pra fãs de cinema como eu, é menos visual e menos abrangente, mas me fez perder a compostura geral e cair na gargalhada. Acharam uma pérola no meu site de cinema preferido e um dos que mais frequento, o IMDB (Internet Movie Database). Prestem atenção não só à longa filmografia desta pessoa (que deve ter espalhado na roda de amigos que é atriz), mas também ao tipo de papel a que ela se prestou (e num filme pra TV!): Anne Sellors. Por que será que ninguém mais ofereceu um papel a ela?

P.S. Aproveitando o espaço pra deixar dois recadinhos: Manuca, feliz aniversário! Cau, seu recado no meu post anterior é daquelas preciosidades pelas quais vale a pena manter um blog, amo você também, muito.

04 abril, 2006

Do Xadrez, Go e outros vícios

Val no seu mais recente post no Livro dos Dias falou sobre nossa mais nova aquisição, jogos e jogos. Vou pegar emprestado o tema pra falar de minha saudade de nossas noites de jogos com até dez pessoas (embora geralmente muitos furassem). War, Rumikkub, Master, Imagem&Ação, Desafino e tantos outros. Assim que começamos a nos enturmar por aqui, notamos, pra nossa infelicidade, que nosso gostoso hábito de juntar os amigos pra uma boa noitada sobre um tabuleiro não era muito apreciado pelos outros moradores da casa, apesar de serem mais novos que a gente (como se jogo tivesse idade). Resultado: começamos a apelar pros jogos solitários ou de dupla. Aí jogávamos sempre o Palavras Cruzadas que trouxemos do Brasil, depois compramos um baralho, eu me entreguei ao vício do Xadrez (pelo computador) e tinha também o delicioso funde-cucas Su Doku (que por aqui já era febre há tempo). Até o Letroca atrasou nosso sono, uma vez ou outra. Jogamos Othelo num bar pela primeira vez e Val me deu uma surra em dois jogos seguidos, nem precisa dizer que ela desde então tá louca pra comprar esse.

O tédio, esse companheiro constante nos nossos 200 dias de Europa, nos convidou a sair e buscar novas opções de jogos, acabamos achando um tabuleiro de Xadrez com peças de Gamão (que, por conseguinte, se trata também de jogo de Damas) e compramos o fantástico Go. André vivia falando dessa beleza, mas a oportunidade só veio agora. Compramos um kit muito bonito com livro e tudo. Não se preocupe, André, nossas tardes de Xadrez vão ser acompanhadas de Go quando eu voltar :)) E eu vou estar louco por uma daquelas reuniões com todo mundo, ganhar de Alexandre no War, de Dinho no Rumikkub, de Vivinha no Desafino, de Floyd no Master, jogar Imagem&Ação no mesmo time de Cau, jogar Vídeo Mania, respondendo sobre cinema, com Renato (só jogar mesmo, não dá pra ganhar, o homem é uma enciclopédia). Os jogos são excelentes, mas perdem muito da graça se não tem vocês.

A figura acima é Go escrito em japonês. Eu ainda estou aprendendo a jogar, não acredito que vá gostar mais do que Xadrez, mas recomendo altamente. Pra quem se interessar, uma página boa de Go é http://paginas.terra.com.br/esporte/go/, o menu à esquerda traz tutorial, exemplos de jogos e links interessantes. Pra quem desenrolar o inglês, aí sim tem milhares (digite Go Game no Google e não se assuste com os mais de 600 milhões de resultados), entre elas eu indicaria começar por http://www.usgo.org/resources/internet.asp, uma boa coletânea de links. Se gostar, vai treinando, quem sabe a gente não se encontra pra uma partidinha?

02 abril, 2006

Obrigado pelas flores

  • 500g de frango em cubinhos

  • 250g de cogumelos em conserva

  • 1 cebola grande picada

  • 1 colher de sopa de ketchup

  • 1 colher de sopa de shoyu (ou molho inglês)

  • 100 gramas de manteiga

  • Sal, pimenta do reino e/ou outros condimentos a gosto

  • 3 colheres de sopa de creme de leite

Calma, você não entrou por engano no blog de Ana Maria Braga. É só mais uma de nossas aventuras culinárias. Estávamos prontos para preparar mais uma vez uma de nossas especialidades, o Parmesan Chicken (que não é Frango à Parmegiana), quando notamos que um dos ingredientes havia acabado, em pleno domingo à uma e meia da tarde. Val procurou outra receita e acabamos escolhendo essa acima, que é a básica de um estrogonofe de frango. Acontece que nunca tínhamos tentado. Acabou dando tudo certo e o almoço foi excelente. O resto da receita (modo de preparo) eu mando pra quem se interessar ;)

Pouquíssimas coisas são mais reconfortantes do que receber o carinho de pessoas com quem nos importamos. Muito obrigado a todos que comentaram no meu primeiro post. Falando sério, faz sentir melhor do que ter mais um fã no Orkut.

Para os que não sabem, a primavera chegou aqui no Hemisfério Norte no último dia 21 de março. E exatamente essa época faz com que seja uma pena não termos quatro estações bem definidas no Brasil (muito menos no Nordeste). Quando chegamos, no outono, testemunhamos as folhas avermelhadas ou amareladas caírem aos poucos dos galhos. Depois, no inverno, vimos os galhos secos e aparentemente sem vida serem cobertos pela neve. Agora, o céu que abre traz o sol e ilumina a vida que reaparece em cada galho. O verde é mais verde e já se podem notar o amarelo, rosa, vermelho, roxo e branco nos campos. O que parecia triste estava apenas adormecido e a primavera é o despertar desse sono e um despertar não só lindo de se ver, mas que pode se sentir no ar com o clima mais agradável e com o aroma das flores.

Fizemos um passeio ao redor da Catedral e os jardins que eles mantêm lá começaram a florescer. Levei a máquina e algumas rosas pareciam balançar chamando minha atenção, querendo sair na foto também. Aqui em Canterbury no Westgate Hall vai haver uma mostra floral que deve ser imperdível. A primavera é um espetáculo de cores e perfumes.

Dito isso, fico mais que à vontade pra dizer que sinto mesmo é muita saudade de uma bela praia, um joguinho de frescobol com uma areia fina, quente embaixo dos pés, um mar lindo ao redor e uma água de côco. E isso não tem no mundo melhor do que minha terra.

Beijos.